Analise inédita da Universidade Federal Fluminense, que contou com apoio da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi apresentada durante o IMIC 2016, em Viena
Um levantamento inédito desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), com apoio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear avaliou o panorama da medicina nuclear por meio da análise dos serviços de medicina nuclear brasileiros.
De autoria do biomédico da UFF, Carlos Vitor Braga Rodrigues, com orientação do médico nuclear da instituição, Claudio Tinoco Mesquita, a análise finalizada foi apresentada pela primeira vez no dia 13/10, na Conferência Internacional de Imagem Cardiovascular, que acontece em Viena, na Áustria, sob a organização da Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEA, na sigla em inglês). Inclusive, foi premiada como um dos melhores trabalhos do encontro.
Denominado “Oportunidades e Desafios para Aperfeiçoar a Prática da Medicina Nuclear e a Exposição à Radiação no Brasil” (Challenges and Opportunities for Improvement on Current Nuclear Cardiology Practices and Radiation Exposure in Brazil: A Cross-sectional Survey), o trabalho teve como objetivo analisar o panorama da cardiologia nuclear brasileira relacionada com os princípios e aderência das 8 “melhores práticas” definidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – estabelecidas por meio da “IAEA Nuclear Cardiology Protocols Survey” (INCAPS). Este protocolo recomenda eixos balizadores para avaliar e minimizar a exposição do paciente à radiação ionizante durante a realização da Cintilografia de Perfusão Miocárdica (CPM).
“A qualidade de uma Cintilografia de Perfusão Miocárdica (CPM) não está limitada apenas ao diagnóstico. Na verdade, a preocupação com a quantidade de radiação utilizada está intimamente relacionado com a qualidade do exame no que diz respeito à proteção contra as radiações dos pacientes”, esclarece Rodrigues.
Verificou-se que, de acordo com os parâmetros adotados pela INCAPS, um número considerável de serviços no Brasil não seguem as melhores práticas; apenas 32,1% das instituições adotam, pelo menos, seis deles no Brasil. Em todo o mundo existem grandes esforços para reduzir a radiação utilizada em pacientes em diagnóstico por imagem. Apesar das dificuldades enfrentadas em algumas regiões, quase todos os déficits observados podem ser resolvidos sem custos, destacando a importância de desenvolver estratégias para a aderência das melhores práticas.
Dos 404 serviços convidados* a integrar a pesquisa (número registrado até março de 2016), aproximadamente 60 participaram do estudo, por meio da resposta de um formulário online baseado nas oito boas práticas da AIEA.
De acordo com presidente da SBMN, Claudio Tinoco Mesquita, apesar de não ser a totalidade, a amostra é representativa, pois traz dados de todas as regiões do País, de serviço públicos, privados e universitários. Tinoco esclarece que o estudo servirá de base para traçar uma política de melhoria das práticas para a medicina nuclear brasileira na área de exames cardiológicos.
“No Brasil, estamos empenhados para mudar essa realidade e contribuir por meio deste retrato com os serviços para que possam atuar em prol da redução da exposição à radiação durante a cintilografia”, relata Rodrigues.
Alinhado à esta estratégia de unificação da qualidade promovida por meio de esforços da AIEA, a SBMN elaborou no primeiro trimestre deste ano a “Diretriz SBMN de Cintilografia Miocárdica”, um guideline que colocou o Brasil como o primeiro país do mundo a adotar as diretrizes de boas práticas da IAEA como balizador. O material foi publicado no final de setembro, no International Journal of Cardiovascular Sciences, periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
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Para responder a esta questão, projeto promove levantamento junto a serviços de todo País. Contribua!