A Dra. Virgilina Fahel foi homenageada no 37° Congresso Brasileiro de Medicina Nucelar, 2023, realizado em Porto de Galinha – PE.
Em seu discurso de agradecimento ela expressou com precisão a essência da SBMN e o papel fundamental que essa sociedade desempenhou ao longo dos anos.
Suas palavras também destacaram os muitos líderes notáveis que fizeram parte de nossa história, ressaltando a riqueza do legado que construímos juntos.
Leia o discurso da Dra. Virgilina Fahel:
“Boa noite a todos!
Vocês não imaginam o imenso prazer em estar aqui nesse momento recebendo essa homenagem. Uma honra incomensurável!
Quando presencio nos dias de hoje as salas dos nossos Congressos cheias de médicos nucleares, lembro que há 45 anos, quando olhávamos para o plenário de médicos nucleares, sabíamos exatamente quem estava faltando e qual Estado não estava ali sendo representado. Era na verdade uma família que deixou marcas e muitas saudades.
Vou contar resumidamente a minha história com a Medicina Nuclear:
Meu encontro com a Medicina Nuclear ocorreu de forma inusitada. Em 1973 estava cursando o 6º ano médico, quando visualizei no mural de avisos da faculdade, algo que me chamou a atenção. O Hospital Aristides Maltez, referência no tratamento de câncer no Estado da Bahia, estava convocando estudantes sextanistas para exames de admissão em algumas especialidades, incluindo a Medicina Nuclear.
Naquele momento, meus olhos brilharam! Fiquei atônita! Me apaixonei por aquele nome MEDICINA NUCLEAR. Corri de imediato para me inscrever sem saber do que se tratava, ou o que esse nome representava. Eram apenas 2 vagas e para minha surpresa, apenas eu me candidatei.
No ano seguinte, em 1974, o Hospital Aristides Maltez me encaminhou para o Centro Nuclear de Porto Rico, operado pela Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, para realizar o curso de especialização.
Lá conheci o Ênio Gomes, pai de Marcelo e Gustavo Gomes, quando nos tornamos grandes amigos. Ele foi meu primeiro amigo que a profissão me trouxe.
Retornei ao Brasil cheia de novidades e já conhecendo o gerador de tecnécio, fabricado pela Malinkrodt, porém, não tive condições de utilizá-lo de imediato, pois ainda levaram alguns anos para chegar ao nosso país, para podermos fazer uso dessa tecnologia.
Esse Congresso ocorre num momento muito especial da vida nacional. A Medicina Nuclear nesse momento sofre uma de suas maiores crises podendo deixar a população sem acesso a essas tecnologias por falta de apoio governamental na produção dos insumos radioativos.
A Sociedade de Medicina Nuclear coloca mais uma vez todo o seu foco, sem medir esforços, para que os órgãos competentes enxerguem e priorizem soluções políticas para a superação dessa crise.
Passado mais de meio século da sua criação, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear transformou-se em importante instância de atualização científica, valorização profissional, integrando e favorecendo a comunidade de médicos nucleares, além de promover a interação com entidades de ensino, governamentais, científicas e empresariais.
Para poder acompanhar a evolução constante, tanto tecnológica como da radiofarmácia, sua tarefa para difundir e levar conhecimento a fora desse país continental é árdua.
Preciso agora falar de algumas pessoas. Pessoas que deram e continuam dando grandes contribuições, que se doaram e que considero serem os grandes personagens nesse mais de meio século.
Pude beber dessa fonte rica de conhecimento, sabedoria e competência, através das colocações de cada um desses incansáveis batalhadores da especialidade.
Gostaria de começar pelo nosso grande mestre, Dr. Edwaldo Eduardo Camargo, uma mente brilhante, um talento fora do comum, e que infelizmente não está mais entre nós. Ele não nos abandonou de todo, pois deixou um valoroso legado, competente e inteligente: sua filha Elba.
Muito temos que agradecer pelo trabalho admirável que realizou e suas palavras que ainda ecoam em nossos ouvidos. Não esquecendo também que sob a sua direção, passamos de uma sub-especialidade da Radiologia para sermos reconhecidos como especialidade .
Nos anos 90, junto com outras lideranças, comandou um programa para expansão de serviços, criando comissões e realizando encontros regionais com esse objetivo, em todo o Brasil. Com isso, houve uma grande expansão da especialidade.
Outro grande nome a ser citado, um lutador político e captador de todas as inovações da Medicina Nuclear, do qual me tornei bem próxima, foi o querido amigo Claudio Meneguetti. Devo-lhe o incentivo e muitas orientações.
Outros nomes que marcaram essa geração pela competência profissional, inteligência e atuação política foram os das ilustres damas da Medicina Nuclear: Marília Marone, Cristiana Almeida e Anneliese Thom (amo todas), que nunca mediram esforços difundindo Brasil afora seus conhecimentos, ministrando aulas de alto nível.
Não poderia deixar também de citar meu grande amigo Adelanir Barroso, grande batalhador das causas da especialidade, excelente professor, muito didático e grande descobridor de talentos. Contribuiu muito na formação de médicos nucleares que hoje atuam em vários locais do nosso país. Nós fomos uns dos pioneiros da cirurgia radioguiada no Brasil, trazendo da Itália o Gama-probe em nossas malas de mão, quando realizamos um curso promovido pela Sociedade Brasileira de Cancerologia, no Instituto de Tumores de Milão.
Gostaria de citar muitos outros nomes que tiveram importantes atuações na Sociedade como Wirton Palermo, Celso Dario Ramos, José Soares, Cláudio Tinoco e meu saudoso grande amigo Ricardo Brandão, que merecem toda a minha admiração.
Faço aqui um parêntese para que os jovens abracem com força e determinação essa especialidade, pois ela é fascinante e para os quais desejo muito sucesso.
Agradeço antes de tudo a Deus por ter me iluminado nesta minha escolha, que julgo ter sido muito feliz e que trouxe-me até aqui para esse momento de honra glamouroso.
Enfim, gratidão é a palavra que define meu sentimento pela Sociedade, por todos os nomes aqui citados e amigos que fiz ao longo destes anos que merecem todo o meu respeito.
Hoje estou em festa e a minha alma feliz.
Grande abraço e beijos para todos.”